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quarta-feira, agosto 02, 2006

DICAS DA GI

GORDURA TRANS

Fonte: Revista Veja - Edição n. 1965 - 19 de julho de 2006

Não há gordura mais nociva à saúde do que a gordura trans. Utilizada para dar mais sabor, melhorar a consistência e prolongar o prazo de validade de alguns alimentos, ela está na pipoca de microondas, nos salgadinhos de pacote, nos donuts, nos biscoitos, nas bolachas, nos sorvetes, na maioria das margarinas ou dos lanches fast-food. A trans é um importante fator de risco para infartos e derrames. Eleva as taxas de LDL, o mau colesterol, e de triglicérides e reduz os níveis do colesterol bom, o HDL. Pois bem, o que já era ruim se revelou ainda mais nefasto. Um estudo coordenado por pesquisadores da Universidade Wake Forest, nos Estados Unidos, e apresentado recentemente no 66º encontro anual da Associação Americana de Diabetes, mostrou que dietas ricas em trans favorecem o depósito de tecido adiposo no abdômen, a famosa "barriguinha de chope", conhecida no jargão médico como gordura intra-abdominal ou visceral. Por sua proximidade com órgãos vitais como intestino, fígado, pâncreas e rins, a gordura visceral aumenta a probabilidade de ocorrência de doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer e diabetes tipo 2, entre outros males. A relação entre gordura trans e gordura visceral é investigada há pelo menos uma década. Mas só agora, pela primeira vez, foi possível estabelecer que os laços entre as duas são muito mais estreitos do que se supunha. "Ficamos perplexos com os resultados da pesquisa", disse a VEJA o patologista Lawrence Rudel, coordenador do trabalho. "A gordura trans é muito mais perniciosa do que se poderia imaginar."
O fígado humano não foi programado para processar altos teores de trans. Isso porque essa gordura é rara na natureza - só é encontrada (e, ainda assim, em baixíssimas quantidades) em laticínios e carnes de determinados ruminantes, como a vaca e o carneiro. Mergulhadas em gordura trans, as células hepáticas tornam-se resistentes à ação da insulina, o que eleva as taxas do hormônio no sangue (veja o quadro). Forma-se assim o cenário perfeito para o desenvolvimento do diabetes tipo 2.
Não demorou muito para que a trans fosse satanizada como vilã da boa saúde. Hoje, autoridades sanitárias de alguns países obrigam os fabricantes de alimentos industrializados a identificar e discriminar no rótulo de seus produtos a quantidade de gordura trans contida neles. No Brasil, o regulamento entra em vigor no próximo dia 31. A Organização Mundial de Saúde preconiza que a ingestão de gordura trans não ultrapasse 1% do total calórico diário. Numa dieta de 2.000 calorias, isso equivale a 2,2 gramas - ou um biscoito recheado de chocolate.